sábado, 31 de julho de 2010

Veronica Kato, perfumista da Natura sobre a linha AMÓ

“Amó é uma maneira da empresa comunicar seus valores, mas não sem a profundidade necessária”.


Veronica criou as fragrâncias da linha Amó e Denise apresentou o conceito delas no Congresso Mundial de Perfumaria


1 - A Natura participou do Congresso Mundial de Perfumaria? Como foi essa participação?

A Denise Figueiredo, diretora da unidade de negócios da Natura, foi convidada a dar uma palestra no Congresso Mundial de Perfumaria na França e pudemos observar que, no encontro, a maioria dos palestrantes estava falando sobre sustentabilidade ambiental, florestas, comunidades, um assunto que o diretor de internacionalização da Natura, Felipe Pommez, já tinha falado nesse mesmo Congresso há seis anos. Então a palestra da Denise falando sobre sustentabilidade das relações, na apresentação da nova marca Amó e suas fragrâncias já estava um passo a frente.

Foi uma coisa nova para todo mundo porque a Natura estava percorrendo um caminho inverso ao corrente, num mundo em que as pessoas vivem sós e as relações são descartáveis. A Natura estava ali posicionando o conceito da linha Amó, do resgate das relações através de gestos de amor e compreensão. Apresentamos também os cheiros da Natura, não os de Amó que estão sendo lançados primeiramente aqui no Brasil, mas os óleos essenciais tipicamente brasileiros, com misturas inusitadas. E foi muito gratificante, porque lá estavam as maiores empresas produtoras de perfumaria do mundo. E os profissionais dessas empresas ficaram muito curiosos a respeito desses cheiros novos, surpresos também, querendo entender o que eram estes gestos com nomes como Amasso e Chamego.



2 – Como transmitir em fragrâncias Chamego e Amasso? O que a marca Amó veio trazer de novo?

As fragrâncias, cores e texturas dos produtos da linha estimulam o toque, a intimidade, o encontro. São convites para encantar, cuidar, temperar e celebrar as relações amorosas. Para o gesto de temperar, criamos notas que refrescam, esquentam, que salpicam e que arrepiam. Assim fizemos uma fragrância como se fosse uma poção de especiarias que fosse como um borbulhar. Então misturamos cardamomo e o gengibre contrastando com especiarias quentes, como a pimenta, o cravo e a canela. Fizemos essa co-criação com a Givaudan e no final colocamos noz coração, que é uma mistura dos óleos essenciais exclusivos da Natura, extraídos da biodiversidade para dar a assinatura e diferencial para o nosso perfume e no fundo uma nota amadeirada e musk.

Nas notas Encantar e Reencantar em co-criação com a IFF, colocamos uma nota de chocolate para abrir o sorriso, o chocolate faz as pessoas mais felizes. E colocamos uma pitada de maçã do amor, para atrair e aproximar. Tudo isso para dar um gostinho de quero mais...



3 - É estranho uma empresa de cosméticos e não um livro, um filme falar de amores possíveis. O que tem a ver uma empresa de cosméticos propor o amor? E como ela chegou a esse conceito para a criação de produtos para casais?

Para desenvolver o conceito de Amó as pessoas convidadas - formadores de opinião e consumidores - ficaram mais de um ano discutindo num espaço na Vila Madalena, com professores de diversas áreas fazendo um brain storm para chegar ao conceito, ao nome... É um trabalho de co-criação e muito profundo da empresa, no sentido de estudo, reflexão para a criação da marca. É claro que queremos que ela venda e faça sucesso, mas, também, ela é parte do pensamento da empresa, ela é uma maneira da empresa comunicar os seus valores. Amó é uma marca que fala de amor, mas não sem a profundidade necessária.



4 – Porque a empresa está regionalizando suas fragrâncias?

Porque o Brasil é muito grande e diverso, cheio de regionalidades, que pedem produtos específicos para gostos diferentes. Então, acabamos de lançar o Canto Azul, inspirado nos Caprichosos do Festival de Parintins, no Amazonas, uma festa dos Bois Caprichoso (azul) e Garantido (vermelho).
Estaremos inclusive participando da festa este ano com algumas ações, entre elas a perfumação dos participantes. Colocamos nessas fragrâncias - Canto Vermelho e Canto Azul (esta lançada em Belém do Pará essa semana, e que logo chegará ao Amazonas) essências da Amazônia, com um trabalho em parceria com a comunidade local, para o qual a Natura paga royalties pelo conhecimento tradicional.



5 – Internacionalmente essas criações específicas também devem ocorrer?

Já está acontecendo. Acabamos de lançar uma colônia feminina no México, criada especificamente para as consumidoras mexicanas. Fizemos pesquisas locais para entender o consumidor mexicano e descobrimos que os mexicanos estão acostumados a utilizar fragrâncias com dosagens muito maiores e os caminhos olfativos são muito mais pesados, o que tem a ver com o aspecto cultural do país. Os mexicanos comem com muitas especiarias e pimentas, por isso necessitam de fragrâncias com intensidades maiores. Por exemplo, uma loção corporal que no Brasil tem uma média de 0,5% de dosagem de essência, no México essa dosagem chega a 2%. Então, a Natura lançou a colônia Ritual para esse público, com óleos essenciais locais, junto com outros da América Latina.

Fonte: Cosméticos BR

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