Da infância em Bastos, interior de São Paulo, Verônica Kato traz na lembrança o cheiro da flor da paineira, da roseira de sua mãe, do fogão a lenha, da manga madura, da goiaba, da pitanga vermelhinha e do bosque de eucaliptos que ficava atrás da casa dos seus pais.
Hoje, aos 43 anos, depois de formar-se em Farmácia Bioquímica, com especialização em Fármacos e Cosméticos na Unesp e passar pela Alemanha, França, Inglaterra e Estados Unidos, tem em suas mãos alguns dos cheiros que mais representam a nossa biodiversidade, como os óleos essenciais da copaíba, da priprioca, do capim limão, do cacau e da pitanga. É ela quem imprime a cara da Natura às fragrâncias co-criadas com as principais casas de perfumes do mundo, como a Givaudan e a IFF.
Foi isso o que fez com os produtos da linha Amó, recém-lançada pela empresa brasileira – onde há três anos e meio ela traba- lha como perfumista. Nesta entrevista, Verônica fala sobre sua relação afetiva com os vários aromas e conta como eles são capazes de traduzir a alma de quem os usa.
Durante a sua vida, como foi construída a sua relação com os aromas e perfumes?
Os cheiros sempre fizeram parte da minha vida, principalmente o perfume das flores e da mata no interior paulista em Bastos, Valparaíso e Promissão. Mas a minha relação com o “produto” perfume só começou na pré-adolescência, com os cheirinhos de lavanda. Depois vieram os cítricos, os florais e final- mente os adocicados.
Como você se preparou para se tornar uma perfumista?
Comecei a trabalhar logo que saí da faculdade de Farmácia Bioquímica, com especialização em Fármacos e Cosméticos, na Unesp há mais de 20 anos. Cursei a escola de per- fumaria da Dragoco, uma empresa atualmente chamada Symrise. A escola ficava em Holzminden, na Alemanha, mas a perfumaria fina aprendi em Paris e Nova York; a de saboaria, em Hadley, na Inglaterra; e a parte de óleos essenciais no sul da França, em Grasse. Fiz estágio em cada uma destas áreas durante e depois de terminar a escola. A carreira de um perfumista baseia-se em três anos de escola, três como trainee, três como júnior e então tem-se o título de perfumista pleno. Após anos de experiência é que se torna sênior.
A Natura valoriza os óleos essenciais brasileiros. Como esses materiais se inseriram na sua maneira de trabalhar?
Sempre trabalhei com óleos essenciais conhecidos, como o de rosa, jasmim, cedro, ber- gamota… Mas trabalhar com óleos essenciais exclusivos é uma emoção que não tem preço! Ser a guardiã desse tesouro me faz sentir a profissional mais afortunada do planeta! Cada óleo essencial é a alma da planta e tem um cheiro único, e para o perfumista é como uma nova cor para o pintor. Para se ter uma idéia, há mais de 30 anos que não se descobria um cheiro novo até a Natura desenvolver o seu primeiro óleo essencial. Hoje crio combinações inéditas para trazer a assinatura olfativa Natura nas fragrâncias de nosso portfólio.
O que é essa “assinatura olfativa”?
É traduzir os conceitos e crenças da Natura em perfumes, alinhando conceito e direcionamento olfativo com as casas de fragrâncias internacionais, co-criando com os maiores perfumistas do mundo, trazendo criatividade, inovação, tecnologia e qualidade internacional, sem perder a brasilidade. A assinatura vem dos óleos essenciais exclusivos.
Quais os seus óleos essenciais preferidos?
Não tenho preferidos porque o que seria dos nossos perfumes sem o cheiro amadeirado licoroso da copaíba, o especiado da priprioca, o azedinho do capim limão, a delícia do cacau, a energia da pitanga, a alegria da mexirica, a elegância da rosa, a sensualidade do jasmim, a masculinidade do cedro, a cremosidade do sândalo, a brasilidade da alfazema? Ou seja, sem o cheiro ou a cor de cada óleo que compõe nossa paleta?
Que características um bom perfume precisa ter?
Tem que ter um gostinho de quero mais! Que desperte emoções e sensações de prazer e bem estar para quem está usando.
Você usa perfumes diferentes, ou gosta de ter o “seu cheiro”?
Perfumes para mim são como a minha “aura”, se faz sol ou chuva, Primavera ou Verão, dia ou noite, trabalho ou passeio, encontro ou solidão, necessito de um cheiro que traduza as emoções que estou vivendo ou o estado de espírito em que me encontro.
Num encontro, o perfume revela as intenções de um homem ou mulher?
Desde o princípio, o perfume serviu como arma de sedução. O melhor exemplo é o de Cleópatra, que seduziu dois generais romanos se perfumando da cabeça aos pés.
No que diz respeito ao amor e à sedução, existem diferenças entre os perfumes mais antigos e os que estão sendo lançados atualmente?
O que diferencia são as histórias, conceitos e a contemporaneidade dos cheiros. Por exemplo, o Poison da Dior, que tem cheiro de uva, foi um clássico de sedução. Porém, está olfativamente ultrapassado e foi substituído por notas como a maçã, a cereja e o cheiro do algodão doce.
Perfumes para seduzir
Verônica Kato, junto com as casas perfumistas internacionais Givaudan e a IFF, é co-criadora das fragrâncias da Amó, nova linha da Natura de produtos para homens e mulheres feita para usar com ou para o outro, para inspirar e incentivar o cuidado nas relações. Na composição, bergamota, pimenta rosa, gengibre, maçã, manjericão e canela se combinam a outras essências para seduzir.
Saiba mais sobre a linha Amó clicando aqui.
Fonte: Bazar e Cia
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