terça-feira, 10 de agosto de 2010

Pegue pelo estômago

O que todas as texturas, sabores e cheiros de um jantar podem trazer para a vida de um casal? Se você pensou em ostras, amendoim ou outro ingrediente afrodisíaco... esqueça. Estamos falando do ato de cozinhar como um gesto de amor

Lourdes Fuentes é uma chef atípica. Seu restaurante paulistano, a Casa dos Cariris, não tem cardápio definido. Seus clientes nunca são inesperados, já que o lugar, antes de tudo, é a sala da casa em que vive com o marido, o artista plástico Felipe Ehernberg. Os almoços, sempre aos fins de semana, duram uma tarde. No menu, pimentas, gengibres e outros ingredientes fortes estão presentes. Para Lourdes, o tempero número um é o desejo. “Eu reparo no desejo expresso no rosto da pessoa que vai comer da minha comida. Isso tem uma enorme influência no resultado!”, diz. “Quando existe amor, não dá para simplesmente seguir a receita. Amar e cozinhar são verbos que se confundem”, diz.

Lourdes adora os chillis, que “despertam sentimentos e sensações”. “Em lacandón, a língua dos maias, a palavra chile tem o mesmo significado picante de vento”, escreveu, certa vez, em um de seus convites. “O ritual do jantar pode ser definitivo na vida de um casal. É um momento de intimidade, onde compartilhamos nossos próprios códigos, gosto e até medos. A gente sempre pensa em um jantar como um momento mágico para o casal, mas quantos encontros já fracassaram justamente à mesa, não é?”, diz.

A chef Renata Cruz, especializada em Comfort Food, também acredita que à mesa dividimos nossas primeiras intimidades. “Os alimentos sempre despertam uma bagagem pessoal fortíssima, o que nos deixa expostos, especialmente nos primeiros encontros. É em um jantar romântico que os beijos e abraços dão lugar ao diálogo”, diz Renata. Sua filosofia faz lembrar os princípios da cozinha afetiva, um nome que os especialistas encontraram para definir nossa lembrança emocional de algumas receitas. “O sabor da tapioca servida na lua de mel no Nordeste fica de herança. A associação não é imediata, mas o quentinho no coração sempre vem”, diz. E para você? Que receita movimenta o seu amor?


Fonte: Amor em Movimento

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